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quinta-feira, março 22, 2012

O FIM DO COMPROMISSO

 A era do individualismo, do pragmatismo, do vencedor a qualquer preço, do eu demais e do capitalismo selvagem expulsou o nós e inaugurou o fim do compromisso. É que os adolescentes explicam pelo verbo ficar, que significa:“por enquanto fico com você, mas não aposte em mim, eu sou livre”.
Isso também explica porque, em países como o Brasil, de cada quatro jovens, um tem pais... separados. Seus pais não se comprometeram para sempre ou, se compromisso ouve, doeu demais mantê-lo e eles o quebraram. Melhor separar-se do que viver sofrendo ao lado de quem deixou de ser “meu bem”.
Uma das características da era “fim de compromisso” é que, não importa qual seja o contrato, não importa qual o sentimento, se aparecer algo mais vantajoso a pessoa troca; troca de igreja, troca de partido, troca de família, troca de clube e troca de empresa. Trocar é, hoje, um dos verbos mais vividos por uma geração que não aceita sofrer além da quota.
Não existe mais fidelidade à palavra dada. E, mesmo quando é vendida e assinada, se aparecer oportunidade maior, o indivíduo paga as multas que tiver que pagar, mas vai em busca da oportunidade maior e troca. A mentalidade invadiu também as religiões. Pessoas trocam de religião, pregadores trocam de grupo de igreja, fiéis trocam de fidelidade, de altar e de púlpito e até de profeta com a mesma facilidade com que se rompe um contrato no qual ele ou ela sentia-se parte lesada.
As coisas não iam como o indivíduo queria. Não sendo do jeito dele, partiu para ser feliz. Foi dessa experiência que o salmista falou no salmo 14. As pessoas não cumprem mais os seus compromissos… Há três mil anos atrás a realidade era a mesma de hoje. Palavra dada não é o mesmo que palavra cumprida, nem quando existe contrato firmado. Vale o indivíduo. A cada dia o nós vale menos do que o eu.
A nossa é uma era de egos superinflados; o outro é um mero detalhe. O cristianismo que é a religião com o Cristo, em Cristo e por Cristo é, também,a religião de o outro, com o outro e pelo outro. Quando tudo o que vale é o sucesso do indivíduo ou do seu grupo em particular e quando o outro a quem a palavra foi dada fica para trás porque ele não conta, já não estamos mais falando de cristianismo. Jesus nos mostra o Deus que é totalmente Outro, e nos ensina a vivermos para Ele e para os outros. Numa sociedade onde o outro me serve enquanto me é útil, a derrota é da moral e da ética.
É o mundo em que vivemos. Não há mais compromissos. As coisas valem enquanto se leva vantagem. Não é a toa que o poeta Vinicius de Moraes dizia, traduzindo o pensamento de uma geração: -“Que seja eterno enquanto dure”.A frase é muito bonita, mas aberta à ideia da troca de parceiro, típico da modernidade libertária, mas nem por isso mais livre!
(Pe. Zezinho)

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